quinta-feira, 4 de maio de 2017

A Rosa

...E então, ela pediu para encontrar uma rosa cor de rosa, como um sinal de que ainda existia amor. Por todos os lugares ela via imagens de rosas cor de rosa, na ilusão de que fosse um "sim". Como se não soubesse que, tudo a que damos atenção, se expande, e que era por isso que encontrava rosas em todo lugar. Mas o coração gostava de sonhar. Eis que, naquela tarde chuvosa, ela encontrou uma rosa cor de rosa em uma floricultura qualquer. Comprou. Comprou também um jarro bem bonito, onde a colocaria. E cuidou daquela rosa como se fosse sua filha. Ela seria o seu canal de comunicação com aquele amor perdido. E todos os dias ela dizia à rosa: "não importa o que passou, eu me importo com você. Não importa que pareça exatamente o oposto,  eu me importo com você. E mesmo que eu nunca mais te veja, continuarei a me importar. Onde quer que você esteja, só espero que saiba."
Dentro de poucos dias, a rosa murchou. Veio também a certeza de que não era amor. Talvez nunca houvesse sido. Mas não importava. Mesmo que doesse, receber amor não era tão importante quanto emaná-lo. E assim, ela compreendeu que era melhor não colher uma rosa, mas deixá-la viver. Que não tentar possuí-la era deixá-la viver. Que algumas pessoas cruzaram o seu caminho para ser amadas, para aprender, para ensinar, mas não para permanecer. 

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